terça-feira, 20 de agosto de 2013

"Ao infinito... e além!!!"



“Não sou formada em matemática, mas sei de uma coisa: existe uma quantidade infinita de números entre 0 e 1. Tem o 0,1 e o 0,12 e o 0,112 e uma infinidade de outros. Obviamente, existe um conjunto ainda maior entre o 0 e o 2, ou entre o 0 e o 1 MILHÃO. Alguns infinitos são maiores que outros” (Hazel Grace, personagem do livro “A culpa é das estrelas” – John Green)
         Ok, esta é uma citação de um livro juvenil, e não de um livro científico, mas sua leitura foi mto proveitosa para mim. A personagem principal tem câncer e está em fase terminal. Por esse motivo, acredita que seu infinito é, por exemplo, de 0 a 1 e não de 0 a 1 milhão. Eu também não sou formada em matemática, e, portanto, não posso afirmar se a informação acima é considerada correta, mas, numa primeira olhada, parece estar de acordo com a lógica. Mas, escuta, se é infinito, como pode ser relativo desse jeito?? Infinito é eterno, e eterno não tem começo nem fim! COMO FAZ, PRODUÇÃO?? Existem infinitos finitos, ou infinitos pequenos e grandes?
         Vinicius de Moraes achava que mesmo que algo fosse mortal, limitado a certa circunstância, a infinitude não lhe seria, necessariamente, usurpada. E assim, o “que seja infinito enquanto dure”, do Soneto de Fidelidade. Este seria um infinito QUALITATIVO, não quantitativo.
       Está na moda usar pingente com o símbolo do infinito. Eu uso um, quase sempre. Não sei qual é o motivo das outras pessoas em utilizarem em tão larga escala um símbolo com uma conotação de tamanha força. A minha razão é que eu tenho uma dificuldade enorme em acreditar que algumas coisas possam ser eternas. Eternas de modo relativo ou absoluto. Tenho medo do fim: “quem sabe a morte, angústia de quem vive, quem sabe a solidão, fim de quem ama” (Soneto de Fidelidade).
Não tenho medo de morrer. Tenho medo da morte das pessoas que amo. Não tenho medo da solidão do dia a dia, daquelas de quem mora sozinho. Tenho medo de não poder ligar para quem mais amo num momento de choro. Tenho medo de não vislumbrar mais o brilho dos seus olhos e não mais ouvir o som reconfortante de sua risada.  E seu cheiro? Onde o encontraria? Tenho medo da perda. Apavoro, estremeço.
      Tenho medo. Já perdi muito. Perdi amizades, perdi oportunidades, perdi “amores”, perdi planos, alegrias, esperanças... Para mim, é simplesmente muito complicado acreditar na infinitude de alguma coisa.
Uso o meu pingente, então, para me lembrar diariamente que eu não sou imortal, mas que algumas coisas são (em quantidade ou qualidade). Deus, por sua infinita graça e bondade, é presença constante em minha vida e é eterno. Ele é o Alfa e o Ômega. Com Ele, nunca estou só. Fora Ele, poucas coisas são infinitas. E se são, o são de forma relativa, qualitativa, não pra valer.
      É infinito o sentimento de amor... Relativamente. Como sempre digo às minhas amigas, se acabou, é porque não era amor. Simples. O amor “tudo suporta, tudo crê, tudo espera” (I Coríntios 13). Paixão, não: se apaga com a mesma velocidade e intensidade com as quais se inflamou. Entretanto, não posso deixar de considerar a infinitude qualitativa.
Quando você está com alguém que AMA, certos momentos são, sim, eternos. Não duram cronologicamente uma quantidade de tempo incontável. Mas são importantes numa proporção tão gigantesca, que você chama de INFINITO! As pessoas passam, os anos passam, tudo passa (e alguns comediantes de banheiro diriam: até a uva PASSA) (aposto que você deu aquele risinho de canto de boca, só pra não perder a amizade, né?! Hahaha É, eu também!). ENTRETANTO, qual é o maior mérito da vida, senão saber valorizar os momentos inesquecíveis, de lembranças e sensações incomparáveis com pessoas que te AMAM?!
         A capacidade humana ainda não estabeleceu formas de manutenção eterna da vida. Somos pó de estrela. Somos barro amassado. Somos fim. Não há ilusão mais imbecil que a de achar que somos acima de tudo e todos. Não somos. Por isso, cada pequeno infinito deve ser exaltado como se de 0 a 1 MILHÃO o fora, como universal, sem igual, eterno meeesmooo...
A frase que dá nome a essa postagem é o lema de um personagem do filme Toy Story, o Buzz Lightyear. Por um tempo, ele não percebe que é um brinquedo, ao invés de um super herói. Assim, quando descobre que na verdade não tem poderes mágicos, ele se decepciona. Mesmo não tendo habilidades mágicas, ele consegue realizar grandes feitos com seus companheiros, outros brinquedos.
Ainda que nossa existência seja limitada (sem poderes mágicos, tal qual Buzz Lightyear), temos nossas pequenas vitórias, singelos contentamentos. Prometer amar alguém por toda a sua vida, já é um evento e tanto! Conseguir assim fazê-lo, então, deve ser motivo para fogos de artifício e nota no Jornal Nacional. Felizes são aqueles capazes disso, agraciados com um amor por toda a vida. Meu pingente me lembra de ter essa esperança... a de encontrar e MANTER alguns dos infinitos, pequenos que sejam, mas meus... significativos infinitos!



Um comentário:

Anônimo disse...

Texto maduro e belo, garota.
Só prá lembrar: também já fui mágico, nos semáforos de SPaulo: "vou fazer o sinal abrir no três" e pá, abria. Eu era demais. Depois, vocês cresceram e eu deixei de ser "brinquedo" que fazia mágicas.
Mas, de verdade, algumas "mágicas" todos nós que amamos fazemos, vez por outra.
Parabéns.
Bob