terça-feira, 13 de agosto de 2013

Os virgens

     
         A leitura do post é permitida, sim, para menores e maiores de 18 anos! =)
         Ao ler o título, muito possivelmente passou pela sua cabeça aquela reportagem da menina de Santa Catarina que vendeu a virgindade, ou as matérias sobre pessoas que se “guardam” até o casamento, ou então a religião relacionada à falta de prática sexual.
NADA DISSO. O post não fala sobre membranas ou posições, não relata experiências alheias ou convicções.
Falo sobre um tipo específico de gente: os virjões (eu prefiro usar essa forma de aumentativo, ao correto “virgenzões”). Eles estão espalhados por aí, tendo ou não tido algum tipo de descoberta corporal. São alguns dos seus amigos, alguns dos seus conhecidos, pessoas da TV, gente que não é, necessariamente,  desorientada em outras áreas da vida: gente experiente ou informada, mas que não tem tato em algumas circunstâncias.
Os virgens apresentam uma dualidade interessante: são estudados, mas não sabem como lidar com naturalidade em certas ocasiões para as quais não há ensino oficial nas escolas; têm mestrado, doutorado, Ensino Médio completo e são VIRJÕES.
Falo, portanto, dos virgens sociais, dos sem experiência na vida além-si- próprio! O que eu percebo atualmente é uma manada de virjões: virgens de amor, virgens de conversa, virgens de paciência, virgens de decepções, virgens de bronca, virgens de alegrias verdadeiras, virgens de brincar na rua, virgens de olhar no olho.
         A pesquisa Data Folha Nem Luísa ou Heloísa informa: de 1980 a 2010, o número de virjões cresceu 80%. A possível explicação para esse aumento significativo reside no fato de a internet ter dificultado a ocorrência de situações cotidianas, como um bate papo entre amigos (ao vivo), uma briga entre namorados (ao vivo), uma solicitação de informações de endereços (ao vivo), uma conversa fiada sobre blusinhas de gola em V com a moça da loja do centro (ao vivo).
         Percebe-se, por isso, que esses virgens são daquele tipo de pessoa que não aceita outra postura, outra atitude, fora daquela para a qual se planejou. As experiências às quais eles se submetem já estão de bom tamanho e são suficientes para tecer qualquer comentário maldoso sobre outras pessoas. Os virjões são muito influenciados por gente que pensa muita água. Eles te julgam nos mínimos detalhes, te mandam indiretas no facebook, mas não têm coragem de conversar na boa com vc! Os virgens são aqueles que têm medo de tudo o que é desconhecido, e, por isso, já descartam de cara qualquer nova oportunidade. Perder a virgindade, nesses casos, é bem mais complicado e dolorido, afinal, aprendem apanhando, quando, na verdade, poderiam aprender apenas observando, e isso pode trazer marcas para o resto da vida.
         Nesse caminho entre a negação e a descoberta, entre o julgamento e a aceitação, os virgens se tornam pessoas amargas, perdem amigos aos montes (ainda que sua convivência com eles ainda exista). Mas o mais impressionante é que os virjões se acham grandes pensadores, pessoas com muita capacidade de discernimento, e assim, são seres que atribuem a si mesmos um poder de decisão sobre a vida das outras pessoas, que na verdade não lhes é de direito!
         VIRGENS DO MEU BRASIL!!! Cuidem das suas vidas!! Aprendam a conversar!!! Parem de mandar indiretas no facebook!!! Atirem-se na vida, para as coisas que valerem a pena serem vividas!!! Parem de ficar julgando os outros!!! Convivam com outras pessoas diferentes de vcs!!! Ao mesmo tempo, NÃO SEJAM TÃO INFLUENCIÁVEIS ASSIM!!! Saiam de casa!!! Andem por aí!!! Parem de ter vergonha!! Tenham voz, tenham opinião, tenham poder de decisão sobre suas vidas, não sobre a dos outros. Parem de contar vantagem (“Ai, eu bebi mto”, “Ai, bjei todas”, “Ai, gritei mesmo com a minha mãe”) E, mais importante, queridos virgens: RESPEITEM!!!
         A virgindade de pensamento e atitude supera a virgindade física no seguinte sentido: a perda da segunda afeta a você mesmo e é exclusivamente de sua responsabilidade (perdeu? Problema seu). A primeira, no entanto, dá muito mais trabalho de perder... E atinge um círculo maior de pessoas que te consideram como alguém digno de preocupação e atenção.
A virgindade de personalidade irrita, chateia e magoa outras pessoas... E em cada uma das atitudes virginais tomadas por alguém, só nos resta falar entre dentes: “virgi!”     

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse é um dos problemas relacionados ao "mundo virtual" em que muitos vivem. Aqueles que ficam distantes do mundo real, vale dizer, das pessoas, das diversidades, da convivência que respeita o outro, etc, certamente está mais próximo de ser um "virgem" nos aspectos que vc. tão bem colocou no post.
Como sempre, belo texto, bem criativo, desafiador e marcante.
Parabéns.
Bjão.
Bob