terça-feira, 5 de novembro de 2013

Resiliência.


Pode vir! A sua vontade de penalização eu enfrento com um sorriso aberto no rosto.

Vem!! Venha armado! Venha com os seus melhores argumentos! Venha com a sua vontade de me ver na pior! Eu sou resiliente, não se deixe enganar pelos meus olhos marejados!

Ta esperando o que? COVARDE!!! Olha pra mim quando estiver falando sobre a minha vida!! Já chorou comigo, agora enfia o punhal! Eu aguento! Pode vir! Já passei por muita coisa e os traumas me deixaram preparada pra gente como você! Vem! Ta demorando por quê?

Eu choro, mas supero. Eu grito, mas recolho. Eu desmorono, mas reconstruo. Continue com os risinhos amarelos, com os comentários de lado, com as indiretas disfarçadas. Essa é a única arma que você tem contra a sua própria essência ruim, frustrada e invejosa. Apedreja, que eu mato no peito!

    
    Eu não sou nada. Eu sou só um elástico esticado no seu máximo grau. Estou só esperando que minhas bordas deixem de ser repuxadas, pra me recompor com o mínimo de deformação. As forças de tração são maiores do que o que eu posso aguentar sem me modificar em aspecto, pensamento e atitude. Mas eu volto, viu? Volto com experiência.
    
    Meus olhos não mentem. Meu sorriso, sim. Quem souber desvendar o que há por trás do castanho-esverdeado, saberá o que tem por aqui. A angústia segue, o desabafo se cala em digitações desesperadas e eu sei o porquê das lágrimas.

    Escreve, minha filha. Escreve, que ajuda. Não passa, mas ajuda. Ainda vão te esticar muito. Você ainda vai encontrar um menino mimado e pouco vivido que vai querer te testar, te fazer de estilingue, te usar de culpada por matar o passarinho da árvore. Você aguenta. Já suportou muitas coisas; mordidas de cachorros, crianças pulando e cantando, foi jogada na bunda da professora de artes e está aqui. Sobreviveu. E resiliência é isso, afinal, não é?

    As comparações com elásticos frágeis, de prender dinheiro, são ínfimas perto das forças que tentam te estourar agora. Foi-se o dia em que um puxãozinho já era sofrimento. Agora você está numa conversa de gente grande. Aprenda.

    E já que é pra ser esticada, aproveita pra se jogar em outra! Estica tudo e vai voando! Some, pufff! Desaparece e esquece!!! Nem todo o puxão traz só dor. Nem toda a força contrária leva somente ao desespero. Enxuga as lágrimas e voa, que esse é o momento de dar uma banana e fugir para viver! Deixa o menino achar outro brinquedo. Uma hora ele cresce e para de matar passarinhos. E deixe estar... A vida ainda vai tratar de esticá-lo ao máximo também. Pena que ele não é elástico!

Um comentário:

Anônimo disse...

Resiliente (ou ência) é palavra da moda. Todo mundo está falando e escrevendo.
O importante é não quebrar em meio às pancadas recebidas; por isto, temos de desenvolver cada vez mais a capacidade de resistência e de retorno à forma original.
Certamente, você a tem.
Parabéns.
Bob