terça-feira, 1 de outubro de 2013

"Vou varrendo, vou varrendo..."


         Atrasei o horário do post por um único motivo: limpeza. Fiz um bife com cebola que ficou divino, mas a casa toda ficou me lembrando o que comi no almoço. Aí, como todo começo da semana, resolvi dar uma organizada na bagunça. Coloquei roupas na máquina de lavar, lavei louça, tirei o pó, limpei o chão e finalmente o cheiro de bife acabou se dissipando!
         Estou acostumada a limpar a minha casa sem muita ajuda. Afinal, moro sozinha desde os tempos da faculdade... E lá se vão uns 8 anos nessa história. Quando a coisa ta apertada e eu não estou com muito tempo, chamo diarista a cada 15 dias. Senão, só uma vez por mês, pra dar aquela geralzona booaaa na casa, pra deixar tudo mais ajeitado.
         Nessa coisa do bife de hoje, tive que limpar o fogão, porque, fora batata frita, não há nada que deixe o fogão mais inutilizável que fazer bife. E tem dois trabalhos de casa que eu odeio: limpar fogão e lavar meia na mão. Não tenho muita paciência. Mas fazer o que? A limpeza é algo essencial.
         Para algumas coisas sou bem chata. Para outras, nem tanto. Tenho problemas em usar o banheiro alheio: sou menininha, eu sento pra fazer xixi, e não há nada que me incomode mais do que banheiro sujo!!! Essa é uma das coisas que eu mais presto atenção na limpeza aqui do meu apê. Mas, fora isso, eu não faço tanta questão de deixar tudo num nível tão invejável de limpeza e organização, com selo limpol de qualidade. Minhas panelas, por exemplo, têm marcas de queimado e eu não fico na neura de tirá-las na unha com palha de aço.
         Por essa falta de preocupação neurótica, minha casa nunca está 100%. Se ela está limpinha, provavelmente algumas roupas estão em cima da cama. Se ela está suja, todas as roupas já foram lavadas, e por aí vai com o resto. Meu apartamento só fica 100% organizado quando eu vou embora para a casa dos meus pais. Acho que isso é uma prova da minha existência: enquanto estou aqui, minha presença fica comprovada pela pequena bagunça que eu deixo. Quem vier aqui, saberá que meu apartamento não foi decorado por uma designer de interiores e vai se deparar com uma floresta na sala (troquei a planta de canto por outra duas vezes mais alta que a antiga) e com certa baguncinha, só pra dizer que eu estou em casa. Não sou relaxada: quem vê minha casa até pensa que eu sou muito asseada!!! Mas nada está sempre no lugar!
         Minha vida também é assim: enquanto uma parte dela está organizada, a outra está de pernas pro ar, em aberto, sem resposta clara. De vez em quando, tento colocar tudo em seu devido lugar, mas o equilíbrio é uma tendência de vida que beira a estabilidade de se balançar sobre um fio de náilon a 30 metros de altura. É quase impossível! É um malabarismo para o qual eu não disponho de tamanha capacidade.
         Originalmente, não sou uma pessoa com muito senso de coordenação de variáveis. Há umas semanas estou tentando mudar isso. Estou me empenhando para ser alguém mais constantemente atenta a arrumação, prazos, horários, ordem e resolução de problemas. Não reclamo, por exemplo, de lavar a louça. É uma atividade quase terapêutica. Na pia, eu canto, resmungo, falo com a Minduim, dou bronca nela por tentar abrir o lixo, penso... Penso muitoooo!!! Alguns dos meus problemas se resolvem com uma boa quantidade de louça suja para lavar depois do almoço. Outros se resolveriam somente com uma conversa. Para isso, às vezes é preciso que eu obtenha várias horas de vale-ouvido, para contar para alguém querido o que se passa comigo.
         Os seres humanos adoram estar no controle de tudo e para isso fazem as reuniões. Elas são tentativas de esclarecimento, delegação de atividades e de discussão de coisas que ajudarão num crescimento, seja ele empresarial ou pessoal. O irônico nisso tudo é que nós odiamos reuniões! Elas são chatas, cansativas, mas podem gerar um resultado final satisfatório para as expectativas criadas. Assim é no cotidiano: arruma-se o guarda-roupa, jogam-se coisas fora, outras são guardadas nas caixas de lembrança, passamos um pano com desinfetante no que PRECISA sair das nossas vistas, levamos o lixo pra fora e apesar de cansativo, estressante e demorado, FINALMENTE chegamos ao fim, ao que tanto esperamos: limpeza e organização, mesmo que passageira e não total.
         Ainda me restam algumas meias a serem lavadas e fogões a serem limpos com saponáceo cremoso. Isso vai me gerar estresse e cansaço... Até alguma decepção, talvez ao descobrir que a esponja arranhou o alumínio. Mas coisas vão e coisas vêm... Pessoas vão e pessoas vêm. Decepções e braçadas dadas contra a maré fazem parte da faxina. Nenhuma faxina sobrevive com lixo guardado. Por isso, estou me livrando do que só causa desgosto e deixa cheiro ruim na minha existência, da mesma forma que é preciso dar tchau pro cocô quando se aciona a descarga (momentânea lembrança da infância). I’ll survive!!!

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