quarta-feira, 8 de outubro de 2014

A febre dos superpolitizados!!!


Estou simplesmente de saco cheio!!
Todo mundo virou entendedor extremo de política. Virou moda chamar PSDB de coxinha, PT de petralha, entre todo o resto do arsenal discursivo e CÊNICO na boca do povo. Isso aqui não é futebol! Isso aqui é um país. Chamar o juiz de ladrão e xingar a coitada da mãe dele não te faz estrategista da bola. Perceber que estamos vivendo nos limites da inflação não te faz economista. AAAFFFFF!!! Que gente chata!!! Chata, não por discutir, mas chata por não admitir que outros pensem de maneira diferente, chata pelo excesso de preconceitos, chata por tratar a política da mesma forma que tratam futebol: com camisa e vuvuzela. QUE SACOOOOO!!! Ser politizado, neste ano, virou tão modinha quanto ser apolitizado no ano passado, nos protestos que abafavam qualquer tipo de manifestação partidária.

Aqui vão algumas respostas MINHAS a quem quer que seja:
1) Levy Fidélix: não, órgão excretor não reproduz. Seu preconceito, sim!!! E só pra eXplicitar: órgão eXcretor não é continuação do intestino; não é o fiofó, não é o rabicó. Esse buraquinho do corpo que usamos pra “obrar” sentados no banheiro faz parte do sistema digestório. Sistema excretor é aquele que produz o seu mijo. Mas eu entendo a preocupação. É algo grave. Meus rins também não reproduzem. Não fale em nome dos cristãos, uma vez que sua atitude não é nem um pouco comparável à de Cristo, que aproximou ao invés de afastar, que exortou com amor ao invés de atirar pedras. Prestenção. Você não me representaria nem se fosse a Angelina Jolie.
2) Eleitores contra a Marina no primeiro turno: evangélicos não são, em regra, seres infantilmente manipulados, alienados e imbecis. Não julgue a capacidade política de alguém simplesmente baseado em sua crença. Eu votei nela. E o último critério usado foi o fato de ela professar a mesma fé que eu. Votei nela, porque ela é minimamente coerente e apresenta muito do que eu acredito ser importante num candidato. Pena ela não passar para o segundo turno. O medo que assolou tanta gente por ela estar subindo nas pesquisas simplesmente não me atingiu. Digo a todos os que não vão com a cara dela: não julgue a política pelo coque.
3) Eleitores contra a Dilma: nem todo petista é petralha. Eis que vos digo: nem todo o que vota 13 é à favor da corrupção, ou nordestino (cara... quanto preconceito contra a galera do nordeste), morre de fome ou vive de bolsa família. Parou geral. Bem fácil falar mal do bolsa família enquanto se come um churrasco, né?
4) Eleitores contra o Aécio: nem todo o que vota no PSDB é coxinha. Pra quem se diz tão iluminado e liberto, essa categorização barata das pessoas é bem extremista e preconceituosa, não acha? Nem todo PSDB é riquinho e vive num mundo cercado de peças de roupa da Fórum ou é sustentado pelo pai. Privatizações nem sempre são ruins. Eu lembro bem da época em que a telefonia não era privatizada. Uma porcaria, tá?
5) Eleitores contra a Luciana Genro: não falem mal dela. Ela tem um sotaque tão fofo!!! Hahahaha Brincadeira. Amores, o fato de ela defender a causa gay, o casamento civil entre homoafetivos não faz dela uma destruidora do modelo de família dito tradicional. Não vamos exagerar. Cristãos: não queimem minha cara! Vocês vivem repetindo na igreja que é pra amar o pecador e não o pecado. Se ser homossexual é pecado, amem o pecador e vivam suas vidas. Beijos de luz! E nem tentem me converter. Isso já ocorreu há 11 anos. Eu acredito em Deus como único Senhor e Salvador, mas isso não me dá o direito de colocar meus pecados como menores aos de outras pessoas, caso elas pequem. Só espero que a sensatez da Luciana Genro não seja só discurso e que ela não me faça vir aqui e apagar o que escrevi.
6) Eleitores do Tiririca: meu... à favor de vocês, não tenho nada a declarar, só vergonha é o que sinto. Sem preconceito, só informação política básica. Parabéns por terem colocado vários mensaleiros de volta no poder, junto com o palhaço desse circo. 10 com estrelinha!

Mas tá. Cansei de tudo. CHEGA DE EXTREMISMO!!! NÃO ME INTERESSA QUEM VOCÊ DEFENDE!!! EU QUERO UMA MUDANÇA! E não me venham dar os números dos candidatos que vão mudar messianicamente as formas de poder de classes no nosso Brasilzão. O que eu quero é que cada um faça a sua parte e pare de encher o saco! Poste o que quiser na sua timeline do facebook, mas me xingar ou colocar em cheque o meu caráter pelo número que digito na urna eletrônica já é pedir pra levar na cara.
Nunca antes na história desse país eu me senti tão cansada com as pessoas, com as identidades impostas e com o discursinho de outubro (porque isso aí não vira dezembro, viu?! Escute o que te falo! Ano que vem vai estar todo mundo pulando carnaval e cagando pra quem foi votado nessas eleições! Apesar de ser mais uma identidade imposta, BRASILEIRO parece ser mais esquecido do que se imagina!)
AMO VOCÊ, Brasil! Mas nosso relacionamento ta difícil nesses dias. To indo pra França! Paris flertou comigo e eu caí em tentação. Beijo!

Bem que eu queria. Pena... Não custa sonhar com a Torre Eiffel em pleno outubro. Bem longe daqui!

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

R.I.P.



Morremos várias vezes. Não sou espírita, mas creio que morremos muito, com constância. Não fisicamente, não de morte morrida. Mas morremos! Só nessa semana já devo ter morrido umas 5 vezes.
Morro quando meu ódio é maior que minha alegria. Morro quando gritam comigo. Morro quando esqueço de ligar para meus amigos. Morro. Morro quando choro de dor da alma. Morro, também, quando sou acometida de uma felicidade quase irreal, que me leva para o paraíso e me devolve à Terra em questão de segundos. Morro quando desacredito. Morro quando empobreço meu espírito. Morro quando ouço “eu te amo”.
Entretanto, tenho tristemente morrido cada vez que ligo a TV e vejo partes daqueles vídeos. Os que mostram aquele menino gritando com o pai e a madrasta. Morro quando vejo aquela cena da faca. Minhas entranhas se estremecem e eu MORRO diante das imagens de dois adultos torturando uma criança. O que ele fez? Pra quê tudo isso? Isso tem me matado!! PAREM!! Meus olhos não querem ver e meus ouvidos não querem ouvir!!!
Gritos de socorro! Ele pede emprestado o telefone pra denunciar os agressores (pai e madrasta). Ele não manda. Ele pede emprestado. Ele grita de medo, de horror, de defesa, de quando alguém ofende sua mãe. “Ela que andava com tudo que é homem. Ela que era vagabunda, Bernardo”. “Cagão! Cagou nas calças?” “Froinha!” “Eu não tenho nada a perder, Bernardo. Tu não sabe do que eu sou capaz. Eu prefiro morrer na cadeia a viver nesta casa contigo incomodando!” E cada frase é uma sentença de morte.
Em entrevista, uma psicóloga disse que os dois responsáveis pelo menino não o mataram uma vez, apenas, mas VÁRIAS. E com ele, morri um pouco. Morreu um pouco da minha ilusão de que todo pai ama seu filho. Morreu em mim parte da paz que eu tinha de achar que tudo poderia ter sido obra de pessoas de fora, não daqueles que deveriam proteger o menino. E sempre que sou informada de casos assim, morro de pouquinho em pouquinho, morro pingado. Até quando vão me deixar morrer? Até quando matarão Bernardos? Tragam-nos pra mim!! Eu cuido bem deles! Até pago pensão, mas não os matem!! Não matem o brilho dos seus olhos, não matem sua risada gostosa após uma guerra de cócegas! Não matem sua magia infantil! Não matem suas brincadeiras e seus amigos imaginários! Não matem sua segurança! Não matem suas convicções!
Ainda bem que a esperança é a última que morre. Que ela seja a vitoriosa! Aquela que, em toda a glória, vence e faz renascer como fênix toda a alegria roubada, todo o amor extinguido, todo sorriso sincero. Deus teve misericórdia do Bernardo. Não cuidaram bem de um dos filhos dEle e Ele o recolheu. Que Deus tenha, também, misericórdia de nós que ficamos por aqui, nesse mundo perverso, e de cada voz que se calou diante dos gritos de socorro de Bernardo e outros tantos espalhados por aí. Porque matar alguém (de pouco em pouco, de muito em muito, por ação ou omissão) é coisa que não se faz!

Que nossas mortes sejam apenas as de rir. E que Bernardo finalmente descanse em paz, junto com uma parte nossa.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

O amor, seus derivados e o supermercado.


Esse post é, sim, uma publicação TOTALMENTE regada à parcialidade e revolta feminina. Ele é totalmente menininha. Se você é o tipo de pessoa (homem, possivelmente) que pensa que feminismo é o câncer da sociedade, beijos e até outro dia! Essa postagem é um grito neurótico e quase audível contra todos os caras que já nos decepcionaram - e não voltaram atrás!
    Não estou solteira. SOU namorada. A preferência pelo “SOU namorada” ao invés do usual “estou namorando” é proposital, devido à alegria de um amor que vale à pena, que me consome e constrói. (Beijo, meu amor!)
     Sem medo e sem pigarros, assumo SER algo que um dia já ESTIVE. Já amei de mentira, já amei de verdade, já gostei de levinho, já cansei e já lacrimejei. Hoje AMO e SOU. E assim SENDO, outro dia ESTAVA no supermercado com meu namorado (aquele outro, o que também É comigo!). Estávamos cada um comprando os suprimentos necessários para seus devidos apartamentos, quando ele me pegou olhando para os rótulos dos produtos. Tirou sarro, claro, e afirmou já ter tomado iogurte fora da validade. E quem diria que essa seria uma grande declaração de amor?! Explico já!
    Os movimentos amorosos têm, em parte, algumas semelhanças com o que se faz no supermercado, especialmente nas seções dos produtos alimentícios. Escolhemos, passamos pelas gôndolas de degustação, pegamos, observamos, verificamos a qualidade, colocamos no carrinho, checamos o preço, chegamos ao caixa e, se tudo der certo, pagamos certo preço e levamos pra casa para o consumo. Pausa pra aviso: sem essa de “você está comparando o sublime amor a uma mera compra de supermercado?” Não sou utilitarista. É só uma metáfora, meu bem: ela tem lá suas aplicações e limites.
    O que observo na vida das minhas amigas solteiras é um tremendo descaso por parte dos homens: tem-se preconceito, têm-se reservas, tem-se cara de pau, têm-se tentativas sem fim para infinitas decepções. O que me deixa abismada é o fato de homens serem, sim, muito mais exigentes que as mulheres! O IBGE esfrega nas nossas fuças que a quantidade de mulheres é bem superior a de homens e aí é um pega. Querem quantidade? Vejam aí, que tem mulher de penca!
    Carinha, o que ela precisa ter? Bom, ela tem que ser linda de corpo. Tem que ser bonita de rosto. Tem que me deixar em paz. Tem que me acompanhar aonde eu for. Tem que ser menos. Tem que fazer mais. Tem que ter minha idade. Tem que ter minha cor. Tem que ter cabelo bom (filho, bom já é ter cabelo!). Tem que acreditar quando eu mentir. Tem que não mentir pra mim. Tem que se deixar levar. Não tem que ser fácil. Não tem que ser difícil. Boa embalagem, conteúdo duvidoso, fabricação recente, muito conservante para uma data de validade extensa e gosto de explosão de sabores. Pausa pra pedido: OOO SEU MOÇO, TEM AMOR SINCERO EM ALGUMA PRATELEIRA DESSE MERCADÃO? Me vê uma caixa cheia, por obséquio!
    Quanta pretensão! Quanta ousadia! Quanta superficialidade!! Se eles podem nos classificar, porque não poderíamos nós também assim o fazer, obviamente, de uma forma muito mais criativa? Listo agora, amigas solteiras, os tipos mais perigosos de homens do mercado amoroso. Fujam deles!
1) Ruffles: o famoso “por fora bela viola”. A embalagem é bonita e atrativa, mas tem mais ar do que conteúdo.
2) Banana: HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA preciso explicar? Use calças! Tenha atitude!
3) Comprador compulsivo: pra quê um potinho de massa de tomate, se eu posso levar 15?
4) Desodorante Avanço: Com avanço, elas avançam. E quem atura uma multidão de piriguetes dando em cima?
5) Tomate cereja: pra valer à pena, você precisaria de pelo menos uns 10.
6) Seção congelados: parece fácil de lidar, prático, mas vem com uma bomba química que te faz viciar e criar celulites. Exemplo? O carinha cheio de elogios, popular, desapegado, mas que só é carinhoso quando te vê ao vivo e quando quer alguma coisa rápida. Quer ficar, mas não quer ligar. Vicia, mas não nutre de verdade. Passa outro dia, meu bem!
7) Pipoca Yoki de microondas sabor cheddar: FEDE!
8) Chuchu: sempre adquire o sabor do que está em volta. Influenciável.
9) Comprador da seção de orgânicos: CHAAAAATOOOOOOOOO!!! Cheio de preconceitos!!! Acha que vai salvar o mundooooo!!! Julga tudoooo como ruiimmmmm!!! Aparentemente culto. Se acha!
10) Veet: o vaidosão, que se depila, se olha mais no espelho que você, te cobra de emagrecer e de estar sempre impecável.
11) Chá de boldo: tem suas qualidades, mas o consumo é incomparavelmente desagradável.
12) Lenço umedecido da Turma da Mônica: pô, precisa de ajuda até pra se limpar? Não sou sua mãe, viu?
13) Comprador da Jontex: você parece necessária, mas ele não quer que os outros te vejam com ele.
14) Amostra grátis: leva sem compromisso.
15) Havaianas: todo mundo usa!
16) Colchão inflável: por um dia, vá lá! Para o resto da vida, nem pensar. (Não. Não sou dessas que acham que homem é coisa descartável!)
17) Ração Pedigree: sempre deixa evidente demais o que possui de valor material.
18) Tuppeware: sempre guarda pra mais tarde. Nunca é o momento – seguido de “o problema não é você, sou eu!”
19) Esponja: bebe muito, bebe de tudo, respinga e vaza.
20) Bela embalagem, nutritivo, orgânico, sem sódio, sem gordura, emagrecedor, ótimo sabor, que cura gripe, TPM e solidão – NÃO EXISTE.
    Amores, um pouco de humor e bom senso. Homens perfeitos são uma criação da nossa cabeça! Alguns têm defeitos mais aparentes e menos negociáveis que outros. Saibam escolher. Mas, por favor, vejam os sinais!! Nenhum homem é tão discreto com os próprios defeitos que seja capaz de os esconder tão bem por meses. Observe e não ignore. Da mesma maneira, não estabeleça critérios inatingíveis. Homens são humanos. Você nem sempre é a moça mais agradável da face da Terra. Abra mão também.
    SER amor é mais do que entrar num mercado e escolher RACIONALMENTE alguém que preencha requisitos. Por outro lado, SER amor também exige uma dedicação objetiva aos fatos essenciais e não passageiros (quando se É amor, a mudança da marca de pasta de dentes não é motivo para término - sem metáfora dessa vez). SER amor é se reconhecer nos olhos do outro e saber que você encontrou aquilo pelo qual você andou o mercado todo procurando. SER amor é lembrar-se do passado, mas não imaginar-se mais vivendo sem aquele que por tantas vezes te faz sorrir. SER amor é não pedir desconto: é saber exatamente o valor e se dispor a pagar o preço. SER amor é poder ir direto ao caixa, sem ter a sensação de que está perdendo ou esquecendo algo da lista.

    Espero que vocês os encontrem nas prateleiras de baixo ou de cima, com esforço ou num dia qualquer, com embalagens mais ou menos atrativas, mas sempre nutritivos... Amor é alimento sem data de validade!

quinta-feira, 26 de junho de 2014

A Copa, a zebra e o rolo das identidades!


    Namoro alguém que definitivamente foi mordido pelo bichinho do futebol. Ele é (e está, num nível maior, por ocorrências recentes) viciado em futebol. Eu sou menos viciada do que qualquer homem, apesar de saber o que é impedimento. Torço para um time da cidade, vou ver os jogos, tranquilamente, sem me estressar muito. Ir ao estádio é infinitamente mais emocionante do que assistir as partidas pela TV, com certeza! Mas o que eu gosto mesmo, o que me emociona e me prende em frente às grandes telas de LCD domiciliares é A COPA DO MUNDO!! Assisto aos jogos do Brasil. É a minha seleção!! Não interessa! E eu sei que muito foi roubado à mão grande, eu sei que muita palhaçada tem sido cometida, e mais palhaços fomos nós de votarmos em pessoas desse grau de exploração! MAS... nunca torceria contra O MEU BRASIL! :) Torço. E meus vizinhos sabem! Grito demais!
    O que se tem dito por aí é que, definitivamente, essa é a Copa da zebra!!! Está “dando zebra”... a torto e a direito!! Já escutei tanto essa expressão, que fui atrás de sua origem. Apesar de ser usual no meio futebolístico, ela surgiu nos jogos do bicho. A zebra, no jogo do bicho, não existe. Muitos animais estão presentes na jogatina, mas a coitada da zebra, não! Por isso, o “dar zebra” é ligado a algo impossível de acontecer, um resultado totalmente inesperado. A “zebra”, nesta Copa, está relacionada às seleções de sucesso e às menos cotadas ao título mundial. Quem, em sã consciência, acompanhando um pouco do histórico de alguns times, pensaria que a Costa Rica poderia vencer a grande, a temida, a tetra Itália, de Andrea Pirlo e Mario Balotelli?! Aahhh, vá! E a Espanha, campeã mais recente da Copa? Um time de velhinhas! As senhoras da minha igreja dariam um show nela, assim como a Holanda deu, sem muitas dificuldades! Imagina só: Dona Genil na zaga, dona Neide no ataque, dona Persídia de meia, bolando as jogadas ofensivas (piadinha interna: porque de meia, a dona Persídia é muito boa! Ela fez uma de inverno pra mim! Hahahaha Sorry, caro leitor!)
    A zebra, a miserável, que não sabe se é listrada de preto ou de branco, que tem problemas de identidade, se assemelha a tantas seleções ignoradas, que agora dão show de vários gols, quando deveriam ser assoladas por seleções mais populares, mais européias, mais capazes, as favoritas. E qual não seria a tentação de permanecer no limbo, de continuar com a identidade de uma seleçãozinha de nada, vir ao Brasil apenas para aproveitar a paisagem deste país tão bonito e diverso, dar uma volta, jogar uma pelada com os bambinos, de boa e sem obrigação E VOLTAR PARA A CASA? Porque, de vez em quando, parece tão mais fácil ser “go with the flow”, ir levando, na inércia, à mercê das identidades que nos são atribuídas, dias após dias!
    Se pensarmos bem, quantas vezes já chamamos o Joãozinho da nossa sala de aula de burro (“dá zero pra ele!”, como diria o Chaves). E, surpreendentemente, por sorte, por estudo ou por alguma intuição à Chico Xavier, UM DIA, o tal Joãozinho responde corretamente a pergunta feita pela incansável professora. E todo mundo ri, como de costume, sem perceber que o coitado respondeu corretamente, mas, olha só!! Não é que ele respondeu certo?! Óóóó!! Ou, quantas vezes não nos surpreendemos conosco, com outras pessoas, tão conhecidas? De repente, as velhas identidades são jogadas ao longe. Não servem mais. Ficam para uma outra hora, quem sabe?
    O que percebo, ao assistir todo o frisson causado em torno das seleções que até ontem eram as coitadinhas, é que as identidades nessa Copa do Mundo estão muito confusas. Isso, por incrível que pareça, está sendo ótimo! É possível que este seja um dos motivos que façam com que já estejam comentando que a Copa de 2014, no Brasil, é a mais emocionante, a melhorzona de todas até hoje.
    A vida, assim como o futebol, é uma caixinha de surpresas (ufs! Que clichezinho!). Um dia, a menina calma grita, o rapaz desacreditado passa no vestibular de uma estadual, o cético passa a crer e o otimista se desespera. As coisas mudam. As identidades se modificam. E a coitada da zebra pode ser o que ela resolver ser: preta, branca, rosa, tom pastel.

    Ao mesmo tempo, dá um trabalho mudar! Dá um trabalho danado virar o jogo, mandar de 5 a 0 num momento de estresse, em que todo o estádio vaia e grita “Volta pra casa!!! Essa não é a sua praia!! Você não é essa pessoa!”. E se eu quiser ser? Me engulam! Eu sei: não sou a favorita ao título. Isso não quer dizer que não consigo chegar lá. Me segurem se conseguirem! To entrando com bola e tudo NO GOL...