terça-feira, 29 de outubro de 2013

Voo livre!!

Até bem pouco tempo atrás poderíamos mudar o mundo. Quem roubou nossa coragem? (Quando o sol bater na janela do teu quarto - Legião Urbana)
            O primeiro passo. A entrega daquele projeto. O suspiro pra tomada de decisão. A primeira letra do livro. O abrir dos olhos de manhã. CADA DIA É UM NOVO DIA!!! E eu já sei, caro leitor, que isso parece frase de livro de auto-ajuda! Mas quem sabe não estejamos precisando necessariamente disso? Uma ajuda própria, conselhos óbvios, porque dominamos o científico, mas o óbvio já ficou pra trás faz tempo! Sabemos de filosofias muito caras e pouco úteis para o nosso cérebro, mas o “abecê” da vida vai sendo esquecido no caminho, em meio à poeira dos pés.
            Estreamos todos os dias. A ideia não é romper com qualquer indício de repetição, porque algumas rotinas são deliciosas demais para serem abandonadas (vide o texto “Parem de falar mal da rotina, da Elisa Lucinda). Não obstante a vida seja uma roda viva de ciclos que se iniciam e se repetem, alguns eventos só precisam ocorrer uma vez na vida... E já tá bão assim!
            Se jogar no novo, conhecer realidades inéditas pra você, outras pessoas e cenários pode ser uma escolha acertada, afinal de contas! Nos preocupamos com certezas, com o planejamento excessivo e esquecemos do que se passa lá fora. E não me refiro apenas a mudanças completas de vida, mas a cada nova estreia, a cada novo momento. A vida é mais simples do que todas as expectativas mirabolantes que criamos.
            Enfrentar o novo talvez seja mais fácil do que encarar o velho e tentar reformulá-lo. É mais fácil jogar no lixo uma roupa rasgada de fora a fora do que remendá-la com linha e agulha. Refletir as práticas diárias e modificá-las para outras melhores é um trabalho árduo. A verdade é que somos indivíduos extremamente bundões. Tudo está a um centímetro, mas queremos as coisas na palma das mãos. Mudar dá trabalho e nós não gostamos disso!
            O ano novo está logo ali (ou será que a minha esperança de que as férias cheguem é que dá essa impressão?) e hoje fui obrigada a pensar na minha própria vida, e com relação ao aspecto profissional, principalmente. Hoje foi dia de prova do doutorado. Fiz 3 redações sobre a prática docente e sempre me parece que os professores entram num marasmo didático depois que se tornam veteranos nas escolas. Isso me entristece e, de certa forma, me coloco nisso, uma vez que também sou professora (ainda que não esteja atuando, por causa do mestrado recém-terminado).
            Me lembro de quando estava na faculdade e queria muito ser professora. Na verdade, já entrei no curso de Ciências Biológicas com esse intuito, e apesar de ser bióloga, atualmente me identifico mais frequentemente como professora. Eu passei boa parte das aulas de prática de ensino imaginando o que eu faria em sala de aula, que tipo de professora seria, se desenvolveria bem o meu papel. E hoje, justamente hoje, a prova em branco me pergunta: Quais características podem ser observadas em um considerado bom professor? Listei algumas coisas que julguei serem importantes e me lembrei do brilho dos olhos, de um insight que tive numa viagem de ônibus sobre um tipo específico de aula que daria numa dessas matérias da licenciatura. E me lembro, claro que me lembro, do meu desejo de um dia ser considerada como “a melhoooorrr professoraaaa do mundoooo”!!! Isso já aconteceu, e mesmo que eu saiba que não é verdade, que existem vários outros melhores que eu, a sensação de dever cumprido é incomparavelmente boa!
            Hoje, portanto, me pego lendo um post antigo publicado aqui em 31 de Agosto de 2010 e comparo a minha realidade com o que eu planejei. Estou bem, as coisas estão acontecendo rápido... Mas antigamente eu tinha uma vontade de mudar o mundo, de apresentar às pessoas novas formas de observar o universo em volta!!! E hoje lembrei disso e das mudanças que ocorreram na minha vida. Tive surpresas boas, outras surpresas eu mesma preparei pra mim, e certos planos foram deixados de lado. Mas hoje, ao responder essa questão para a redação, me coloquei novamente como a moça de 20 anos que queria ser professora acima de tudo, mudar os ecossistemas da vida real e que parecia ter a receita para tudo isso na ponta da língua.
Hoje fui pressionada a ser mais grata e mais perseverante. Já passei por muitas coisas e sei que posso ser a mudança que eu mesma preciso. O ponto de vista é influenciado pelas lentes que usamos. Hoje decidi modificar algumas coisas e usar a lente do otimismo para outras que não posso. E, neste exato momento, me vem à cabeça a oração da serenidade: Concedei-me, Senhor, serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar aquelas que posso e sabedoria para distinguir umas das outras.
Os sonhos podem ser resgatados; a esperança pode ser passada a limpo; um novo rumo pode ser tomado. Só nos resta seguir em frente com novos olhos e novo fôlego!


terça-feira, 22 de outubro de 2013

A erva daninha da alma


Então veja como soa patético: “seu cabelo é bom e o meu cabelo é ruim”. Seu cabelo é bom por causa de quê? No sábado ele fez alguma caridade? E meu cabelo é ruim por causa de quê? O que é que meu cabelo fez? Fez alguma coisa com o senhor ou com a senhora? Porque, se ele fez alguma coisa desagradável com alguém, eu vou me retratar! (Prenda-me se for capaz, do livro “Parem de falar mal da rotina”, de Elisa Lucinda)
    Negra do cabelo duro? Loira burra? Gorda preguiçosa? Magra que se acha? Gay “afetado”? Homem machão? Mulher delicada?
    Preconceito: o conceito que se tem antes de conhecer algo ou alguém. Mas se nós JÁ CONHECEMOS negros, loiros, gordos, magros, gays, homens, mulheres e outros, porque o “conceito” ainda ganha o prefixo “pré”?
    Eu tenho dificuldade em também entender os motivos racionais do preconceito e da discriminação (se é que esses motivos existem!) E depois de escrever essa frase, preciso admitir que mesmo não entendendo, já fui vítima e atuante nisso. Acho que é hipocrisia ao extremo as pessoas se dizerem “preconceito free”. Isso não existe!! O preconceito não é um botão de liga/desliga!
    Temos preconceito contra coisas, modos de vida, animais, atitudes, pessoas. Ele parece ser uma sementinha, uma erva daninha da alma, um câncer, que, ao passo que cresce, vai matando tudo ao redor. É aquele sentimento ruim que você tem que superar todos os dias pra não cometer injustiça com quem não te fez nada!
    O preconceito gera a discriminação, e o seu significado é comumente aplicado às minorias (se é que assim podemos chamá-las). Quando falamos nisso, logo pensamos em negros, homossexuais e pobres e isso é algo com o qual eu não concordo. Eu não sou negra, nem homossexual, nem pobre e já sofri discriminação exatamente por não ser tudo isso! Não estou defendendo nenhum direito meu a ser discriminada (seria absurdo, né?), mas as pessoas surgem com essa noção fechada e imutável do que é preconceito e você que não se atreva a tentar mudar!!
    Como disse, não sou pobre. A grande questão nisso é que eu também não sou rica!! Não mesmo. Quando criança, perguntei a minha mãe o que nós éramos: ricos ou pobres. Ela respondeu: “minha filha, nós somos a maldita classe média, como a maioria”. Simples! Nem tudo o que não é branco é preto e nem tudo o que não é ruim é automaticamente bom. Não somos dualidades, mas, sim, pluralidades. Voltando à pergunta que fiz para minha mãe, a razão para eu tê-la feito é que nos mudamos de São Paulo (uma cidade onde as pessoas não conhecem sua conta bancária) para uma cidade do interior do estado, de 40 mil habitantes em média, onde o tratamento social muda de acordo com as circunstâncias. Na escola, achavam que eu era rica. Por isso, dependendo do interesse alheio, puxavam meu saco.
    Entretanto, essa minha cara de “criada pela vó” já me rendeu muita dor de cabeça. Vira e mexe, as pessoas dizem: “ai, você não quer vir conosco, porque não gosta de se misturar com pobre!!” QUEM DISSE QUE VOCÊ É POBRE? E QUEM DISSE QUE EU SOU RICA??? Aqui a questão não é nem mais o preconceito, mas sim o fato de alguns serem muito mal agradecidos por viverem exatamente com o que têm, e eu realmente fico com raiva quando as pessoas se auto intitulam pobres, sendo parte, na verdade,  da        MALDITA CLASSE MÉDIA, COMO EU!!! Odeio essas situações em que escuto um absurdo desses. Já disseram que eu não deveria ser professora, porque sou bonita e deveria trabalhar de secretária, recepcionista. Ah, meu... Isso acaba com a minha chance de ser simpática.
    Então, quando as pessoas me vêm falar de preconceito contra pobres, negros e homossexuais, eu acho tudo isso muito estigmatizado, apesar de também ser verdadeiro. O preconceito parece esteriotipado.
    Os esteriótipos levam ao preconceito, que, por sua vez, ajuda a gerar a discriminação. Como disse anteriormente, a noção de preconceito é quase sempre associada às minorias, mas o que são as minorias, senão as maioras? Afinal, TODOS já fomos alvo de preconceito e TODOS fazemos parte de uma minoria, pela cor da pele, pela religião, pelo sexo, pelas escolhas pessoais e profissionais, etc.
    Por mais que eu não goste de esteriótipos, eles são parte importante da compreensão do mundo e não surgem aleatoriamente. Os esteriótipos têm uma razão de ser, mesmo que eu não goste deles. Utilizamo-nos para muitas funções, porque eles são representações abstratas e imaginárias do universo ao redor. A questão principal é saber romper com eles, uma vez que a pluraridade é observada. Então, ok, você já sabe que preconceito engloba todos aqueles pensamentos baseados em circunstâncias e atitudes injustas contra negros, homossexuais e pobres. AGORA MUDE ISSO! Agora que você já entendeu o conceito, expanda-o para outras variáveis, para outras minorias.
    O grande problema é o exagero da causa. Tudo é preconceito, tudo é discriminação. As pessoas anseiam em processar os outros por tudo hoje em dia!
    Há que se ter um senso de percepção aguçado para não falar barbaridades e ao mesmo tempo, não se podar o tempo todo, com medo. Chamar o cabelo de uma negra de ruim pode até não ser considerado preconceito POR VOCÊ, mas é falta de educação, além de ser um esteriótipo sem muito sentido, como o texto de abertura explicitou; mas cada um lida com suas características da forma que bem entende e gosta. No meu caso, o uso de uma camiseta com a inscrição “branca com orgulho” não deveria ser visto como incentivo à discriminação, uma vez que a mesma inscrição com a palavra “negra” não o seria.
    Não há modelos prontos do que deva ser sucesso e beleza; nós os construímos. Por esse motivo, ter certa peculiaridade não faz de você ou dos outros mais ou menos belos e mais ou menos bem sucedidos, somente humanos.
    Então, ao invés de dizermos: “tinha que ser negra/loira, gorda/magra, gay/hetero, homem/mulher”, deveríamos dizer: “tinha que ser humano, viu?!” Que recolhamos, assim, as ervas daninhas!


terça-feira, 15 de outubro de 2013

Publica-te a ti mesmo!


    Em tempos de super exposição, as trancas das portas parecem tão fora de moda! As cortinas, casacos, cadeados, tudo isso está tão out.
    No auge dinâmico, porém frio, de postagens, curtidas e twittadas, o termômetro das relações não é mais o carinho com que se olha, nem as palavras de conforto numa ligação, um cartão de Natal recebido e nem mesmo o sorvete dividido.
    Progredimos ou regredimos? Continuamos a nos comunicar prosaicamente, com grunhidos, ou nossos textos, legendas, conversas e mensagens são espelho de uma clareza de pensamento e linguagem jamais alcançada?
    Afastamos ou aproximamos? Estamos mais sós ou mais juntos? Tenho a nítida impressão de que gentileza virou sinônimo de “curtir uma postagem de um desconhecido”, e não mais de “dizer bom dia para os vizinhos”, “segurar a porta do elevador”.
    Representamos ou somos? Mostramos ou atuamos? Refletimos ou construímos?
    Lembram-se do Orkut? Os depoimentos e comunidades davam o tom da coisa, quem era a pessoa e o que deveríamos esperar dela. Mentia-se muito nos depoimentos e nos apegávamos a eles, como se fossem uma comprovação de ibope, prestígio, popularidade, sentimento. Quanto mais elaborados, melhor. Um “A Elisa é legal” ia para o limbo, sem nem ganhar agradecimento.
    O Facebook é uma versão mais moderna do “a grama do vizinho é sempre mais verde”. Fora isso, se no Orkut as comunidades nos diziam o que deveríamos pensar sobre alguém, as páginas curtidas, comentários e postagens é que têm essa função no Facebook. São levantadas bandeiras de adoção de cães, veganismo/vegetarianismo, boa saúde e boa forma, relacionamentos amorosos, jogos, bom humor, entre outros. Parecemos indivíduos temáticos.
    Ontem, particularmente, postei muitas coisas: diversas fotos, publicações de páginas, fui marcada em outras. Entretanto, sou muito monótona, em termos facebookianos. Minha linha do tempo ultimamente só tem tido a programação dos jovens da igreja e a atualização de postagens desse blog :) Fora isso, poucas coisas aparecem nela. Quantitativamente, sou alguém com poucas aceitações de amizades e pouco impacto e, por isso, não viro hit. Mas se eu quisesse, conseguiria. Existem receitas para isso.
    Críticos de redes sociais salientam a preocupação explícita com o registro. Vive-se pouco, registra-se muito. Concordo. Mas o desligamento desse pequeno mundinho parece uma missão impossível! Quando alguém resolve afastar-se disso tudo, a pergunta que primeiro vem à mente é: POR QUE? Dependemos sem culpa, sobrevivemos em meio a conteúdos infinitos.
    Tememos tanto a exposição (vide escândalos de espionagem dos EUA) quanto a exclusão. Vemos e provocamos a sensualização em fotos, com poses e bicos de pato, mas queremos o respeito à privacidade. A mocinha tira foto do decote em V profundo, mas reclama da foto sem photoshop em que foi marcada. Curtimos uma frase sem sentido de alguém (com mais umas 300 outras pessoas), mas não prezamos a espontaneidade ao vivo, olho no olho. Ensaiamos exageradamente, representamos além dos limites, sentimos quase nada.
    Somos crianças carentes, à procura de reconhecimento, não do chefe, não de doutores, mas de “apenas conhecidos” do face. Somos bebês mimados, jogando brinquedos no chão, esperando que todos nos achem uma gracinha. Isso é muito triste!!!
    Já que o blog é meu, dou-me o direito de fazer recomendações; aceitem-nas se assim quiserem. Sugiro o uso moderado, consciente e não viciante das redes sociais. E se meu pai estivesse escrevendo o texto no meu lugar, ele destacaria o fato de alguns concursos públicos e empresas utilizarem essas publicações todas para o estabelecimento de perfis de personalidade e a contratação ou não de pessoas. Portanto, há que se ter cautela nas clicadas.
    O assustador é não sabermos viver no escurinho, fora dos holofotes, acima das leis publicativas de sites criados para aproximar, não dividir. E por isso, fica a pergunta: quem é você depois que a música de encerramento do Windows toca?

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Ctrl+Z

           

            
            Ex. Aquele prefixo que indica algo para fora, EXterno, EXcluso, EXterior, EXtrínseco. Uma conotação tão solitária e fria: aquilo que foi e não é mais. Ex.

Associar o prefixo a um indivíduo parece uma tendência natural. E como duas letras podem invocar tanta simbologia? Ex é só uma palavra... Né não?
            Nananinanão. Ex é o tapa na cara do planejamento, é o bumerangue te atingindo pela nuca, é o cocô no sapato, é a sorrateira puxada de tapete do destino. Se é que o destino é também uma entidade, tal qual a maioria dos ex. E aqui utilizo a palavra “entidade” como sinônimo para indivíduo, não espírito. Se bem que alguns... Enfim, mas ex pode ser tudo! O conceito trata de um rompimento: todos já rompemos com algo e, portanto, todos somos ex-alguma coisa! Ex-aluno, ex-colega, ex-fumante, ex-baladeiro, ex-bailarino, ex-cantor, ex-modelo, ex-trabalhor, ex-gordo, ex-feio e até ex-gay!!!
Podemos ser ex sem nem nos darmos conta!! Ex não é um título oficialmente imposto, com pompa e circunstância, faixa e marcha! Todos já fomos algo um dia e já deixamos de o ser (porque além de romper com algo, nós todos já voltamos atrás nessa decisão pelo menos uma vez). Não entendo qual é o propósito de tanto drama! Ex não é, afinal, uma denominação tão desonrosa assim! A não ser quando ocorre o famoso barraco, alguma briga na hora do adeus (seja em qual situação for).
É possível, sim, deixar a cena sem derrubar o refletor, a cortina, o cenário e os atores! É possível sair de fininho, cumprimentar o anfitrião da festa e vazar. É possível dar o Crtl+Z e não causar demais. Independente do que EX seja e signifique, do conceito aplicado a qualquer substantivo ou adjetivo, o drama não é requisito obrigatório. Mas não podemos negar que é mais emocionante e até criativo! Afinal, quantas músicas já não foram feitas sob o efeito enlouquecedor de “não ser mais o que era”, e em particular, falando sobre o não-relacionamento, o não-mais-namorado, a não-mais-amada, o não-mais-amor, sobre A FOSSA de um término?! E cada um de nós aprecia pelo menos uma dessas músicas, poesias, filmes, etc. A tristeza, o ódio, o remorso, a vontade de dar o troco são mais poéticos que a alegria, a satisfação. Dão mais ibope.
E aí vai a top list pra provar meu ponto de vista, só para exibir algumas músicas dentre tantas boas e ruins que viraram hits: Meu mundo caiu (Maysa), Assim caminha a humanidade (Lulu Santos), Someone like you (Adele), You oughta know (Alanis Morrissette), That I would be good (idem), All by myself (Celine Dion), So what (Pink), Na sua estante (Pitty), Hate that I love you (Rihanna), California king bed (idem), Fico assim sem você (Adriana Calcanhoto), Devolva-me (idem), Vambora (idem), I miss you (Blink 182), Vermilion Part 2 (Slipknot), Desperdiçou (Sandy e Jr), Você não vale nada mas eu gosto de você (Calcinha Preta),  If I were a boy (Beyoncé), Single ladies (idem), Linger (The Cranberries), Só vou gostar de quem gosta de mim (Caetano Veloso), Don’t speak (No Doubt), Garçom (Reginaldo Rossi), Going under (Evanescence), My immortal (idem), November rain (Guns N’ Roses), Coleção (Ivete Sangalo), I will survive (Gloria Gaynor), Depois (Marisa Monte), Meu erro (Os Paralamas do Sucesso), Quase um segundo (idem), Me liga (idem), My lover’s gone (Dido) Ainda é cedo (Legião Urbana) e, claro, os Backstreet Boys, com “I need you tonight” (ooopaaa, não poderia faltar!)
Falando mais especificamente sobre o romance, parece que os ex acabam revestidos de uma nuvem negra e o que não percebemos é que a saída de um pode gerar a entrada de outra pessoa, posteriormente. Tem-se nova oportunidade, talvez maior, melhor, mais bonita, que traz mais felicidade, mais amor, mais compreensão, é mais completa. Entretanto, os ex sempre serão ex.
Depois do pé nos glúteos (dado ou tomado) todo o sentimento de uma relação parece virar disputa: quem namora o melhor, quem está mais feliz no facebook. Começa-se uma corrida insana rumo a uma felicidade artificial, para os outros. E ex vira entidade (agora usando o outro sentido), fantasma, decujo, falecido, o passado que condena, a corrente arrastada, o espírito do mal. O rompimento produz a sensação de propriedade perdida, por mais que a ideia de posse seja inadequada num relacionamento amoroso.
Meu nome é Elisa e eu sou uma ex. Não mantenho todos os meus ex por perto, mas cada um deles teve seu momento e importância. Dificilmente um ex-namorado vira seu melhor amigo. Mas o civilizado já é mais do que suficiente!! O passado está atrás de tudo o que vivo hoje e o hoje me faz muito bem. Já chorei e já fiz chorar. Gritei, implorei até, mas a gente aprende com o tempo e se enxerga de maneira melhor, mais afinada com o que somos de verdade. A perda gera tristeza e faz parte se debruçar na cama em posição fetal: o “luto” deve ser vivenciado. Nunca haverá um DELETE das relações, porque sempre saímos com marcas. Mas, como diz outra música de fossa, “tudo passa, tudo passarááá”.
O novo vem e o que é bom de verdade permanece. A resposta de Deus, do tempo, do destino, da história é uma nova chance e deve ser aproveitada. Somos parte do que fomos, mas somos também o que somos, seremos o que Deus lá bem quiser! E ser ex-algo não é peso, é possibilidade. Nem todos os planos foram feitos para serem cumpridos. A beleza da vida está EXatamente nisso. Por isso, EXterne um sorriso nos lábios, EXploda em alegria no coração, porque é pra frente é que se anda.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

"Vou varrendo, vou varrendo..."


         Atrasei o horário do post por um único motivo: limpeza. Fiz um bife com cebola que ficou divino, mas a casa toda ficou me lembrando o que comi no almoço. Aí, como todo começo da semana, resolvi dar uma organizada na bagunça. Coloquei roupas na máquina de lavar, lavei louça, tirei o pó, limpei o chão e finalmente o cheiro de bife acabou se dissipando!
         Estou acostumada a limpar a minha casa sem muita ajuda. Afinal, moro sozinha desde os tempos da faculdade... E lá se vão uns 8 anos nessa história. Quando a coisa ta apertada e eu não estou com muito tempo, chamo diarista a cada 15 dias. Senão, só uma vez por mês, pra dar aquela geralzona booaaa na casa, pra deixar tudo mais ajeitado.
         Nessa coisa do bife de hoje, tive que limpar o fogão, porque, fora batata frita, não há nada que deixe o fogão mais inutilizável que fazer bife. E tem dois trabalhos de casa que eu odeio: limpar fogão e lavar meia na mão. Não tenho muita paciência. Mas fazer o que? A limpeza é algo essencial.
         Para algumas coisas sou bem chata. Para outras, nem tanto. Tenho problemas em usar o banheiro alheio: sou menininha, eu sento pra fazer xixi, e não há nada que me incomode mais do que banheiro sujo!!! Essa é uma das coisas que eu mais presto atenção na limpeza aqui do meu apê. Mas, fora isso, eu não faço tanta questão de deixar tudo num nível tão invejável de limpeza e organização, com selo limpol de qualidade. Minhas panelas, por exemplo, têm marcas de queimado e eu não fico na neura de tirá-las na unha com palha de aço.
         Por essa falta de preocupação neurótica, minha casa nunca está 100%. Se ela está limpinha, provavelmente algumas roupas estão em cima da cama. Se ela está suja, todas as roupas já foram lavadas, e por aí vai com o resto. Meu apartamento só fica 100% organizado quando eu vou embora para a casa dos meus pais. Acho que isso é uma prova da minha existência: enquanto estou aqui, minha presença fica comprovada pela pequena bagunça que eu deixo. Quem vier aqui, saberá que meu apartamento não foi decorado por uma designer de interiores e vai se deparar com uma floresta na sala (troquei a planta de canto por outra duas vezes mais alta que a antiga) e com certa baguncinha, só pra dizer que eu estou em casa. Não sou relaxada: quem vê minha casa até pensa que eu sou muito asseada!!! Mas nada está sempre no lugar!
         Minha vida também é assim: enquanto uma parte dela está organizada, a outra está de pernas pro ar, em aberto, sem resposta clara. De vez em quando, tento colocar tudo em seu devido lugar, mas o equilíbrio é uma tendência de vida que beira a estabilidade de se balançar sobre um fio de náilon a 30 metros de altura. É quase impossível! É um malabarismo para o qual eu não disponho de tamanha capacidade.
         Originalmente, não sou uma pessoa com muito senso de coordenação de variáveis. Há umas semanas estou tentando mudar isso. Estou me empenhando para ser alguém mais constantemente atenta a arrumação, prazos, horários, ordem e resolução de problemas. Não reclamo, por exemplo, de lavar a louça. É uma atividade quase terapêutica. Na pia, eu canto, resmungo, falo com a Minduim, dou bronca nela por tentar abrir o lixo, penso... Penso muitoooo!!! Alguns dos meus problemas se resolvem com uma boa quantidade de louça suja para lavar depois do almoço. Outros se resolveriam somente com uma conversa. Para isso, às vezes é preciso que eu obtenha várias horas de vale-ouvido, para contar para alguém querido o que se passa comigo.
         Os seres humanos adoram estar no controle de tudo e para isso fazem as reuniões. Elas são tentativas de esclarecimento, delegação de atividades e de discussão de coisas que ajudarão num crescimento, seja ele empresarial ou pessoal. O irônico nisso tudo é que nós odiamos reuniões! Elas são chatas, cansativas, mas podem gerar um resultado final satisfatório para as expectativas criadas. Assim é no cotidiano: arruma-se o guarda-roupa, jogam-se coisas fora, outras são guardadas nas caixas de lembrança, passamos um pano com desinfetante no que PRECISA sair das nossas vistas, levamos o lixo pra fora e apesar de cansativo, estressante e demorado, FINALMENTE chegamos ao fim, ao que tanto esperamos: limpeza e organização, mesmo que passageira e não total.
         Ainda me restam algumas meias a serem lavadas e fogões a serem limpos com saponáceo cremoso. Isso vai me gerar estresse e cansaço... Até alguma decepção, talvez ao descobrir que a esponja arranhou o alumínio. Mas coisas vão e coisas vêm... Pessoas vão e pessoas vêm. Decepções e braçadas dadas contra a maré fazem parte da faxina. Nenhuma faxina sobrevive com lixo guardado. Por isso, estou me livrando do que só causa desgosto e deixa cheiro ruim na minha existência, da mesma forma que é preciso dar tchau pro cocô quando se aciona a descarga (momentânea lembrança da infância). I’ll survive!!!