Plantar uma árvore, escrever um livro, TER UM FILHO!!! Não, mãe! Não, pai! Não to grávida e ainda não lancei um best-seller (pouca pretensão?). E quanto a plantar árvore, já fiz minha parte, de certa forma.
“Honra teu pai e tua mãe”. Pai da biologia, pai da genética, pai da evolução. Pai do céu. Mãe natureza. Filho da ... MÃE!!! (sem palavrão nessa!)
São tantas referências para os pais. São tantos os programas e debates! Métodos para engravidar, como tratar a intolerância à lactose do recém-nascido, como escolher a primeira escolinha, receitas de bolo para piquenique de férias, “aborrecência”, como lidar com o primeiro namorado da filha...
Mas NUNCA... NUNCA fizeram um manual de como ser um bom filho. Até pq, nós filhos, nem sempre estamos dispostos a mudar algumas concepções inatas, como nossa teimosia retumbante! Mas, pra quem tenta de vez em quando, fica meio complicado!!
Algumas questões deveriam ser abordadas na Malhação, nos animes, nos filmes dos vampirinhos, nas revistas femininas (para as mais experientes e maravilindas, como eu!), por meio de e-mails e notificações via SMS. Por exemplo: como dizer “com jeitinho” à sua mãe que você não curtiu muito aquela blusa que ela comprou pra vc, como convencer seu pai de que a faculdade que vc decidiu cursar é melhor que a que ele havia imaginado pra vc, mil dicas de como promover o diálogo sobre chegar mais tarde em casa sem causar a terceira guerra mundial, 7 maneiras de mostrar aos seus pais que vc não é mais uma menininha de cachinhos que balançam ao pular amarelinha, passo a passo de como apresentar o novo namorado aos seus pais, TUTORIAL DE ATITUDES A TOMAR QUANDO UM DOS SEUS PAIS PASSA A CORRER RISCO DE VIDA DE UMA HORA PRA OUTRA. O que fazer?? Esse tutorial existe? Está à venda nas bancas e nos postos de gasolina? NÃÃOOOO!!!
Um telefonema muda toda a perspectiva de mais um dia comum da sua semana. Uma ligação te desespera, te tira o chão, te faz perder o ar e a noção de tudo!!! E algumas coisas passam pela cabeça: não pode acontecer nada de grave, eu não aproveitei tudo, eu não aprendi tudo o que ele tem pra me ensinar, não demonstrei tudo o que sinto por ele, eu não disse que o amo tanto, que só a possibilidade de ficar sem ele me faz marejar os olhos, eu não falei que ele ainda é meu super-herói favorito!!!
“Por que você ta chorando, ou?! Para com isso, ta tudo bem, filha”.
Não, não estava. Ele é que não sabia disso. E apesar de o susto ter sido grande, passou!! DEUS NÃO DEU BAIXA EM SUA FICHA DE INSCRIÇÃO DA VIDA. Pode respirar tranqüilo!! :)
Como toda relação entre pais e filhos, a minha com os meus pais já passou por diversas fases. Desde a paixão inicial de “a minha mãe é mais bonita que a sua”, passando por dias de xingamentos vindos do âmago (“boba!!” “o que vc falou, meninaaaa?!?!” “nada...”), tapinhas no bumbum (to tentando ser generosa comigo mesma ao usar esse termo fresco), até, enfim, alcançar certa compreensão sobre ALGUMAS das atitudes tomadas por eles comigo.
Nunca vou entender completamente algumas coisas. Obviamente, por causa da já citada teimosia retumbante, ou, se preferir, por causa da minha opinião própria, única e exclusiva (redundância é uma dádiva!), devo confessar que não concordo com alguns dos pontos levados em consideração na educação que recebi dos meus pais.
Apesar disso, não posso negar que os meus pais são FODA (cara... é um xingamento, mas só pra ressaltar o quanto eles fizeram seu trabalho direitinho. Fizeram muito mais do que o simples necessário comigo e com a minha irmã!)
E, num momento de total pânico e cagaço, vc percebe que não fez nem metade do que deveria fazer, que várias vezes deixou de lavar a louça, que indefinidas vezes fingiu surdez crônica, cuspiu e escarrou no prato que comeu, na carteira que explorou, na roupa limpa que usou, NO AMOR que lhe foi dado de graça.
Nunca fui uma filha revoltada. Não despiroquei de acordo, não fumei, não usei “dorgas”, não cheguei bêbada em casa, não me envolvi em orgias, não pichei muro. Nunca fui dessas. Mas filho é filho. Filho só percebe a real importância dos pais quando alguma circunstância o obriga a pensar nisso. Nesse momento não estou me referindo ao episódio contado acima. Já há algum tempo percebo a importância dos meus pais na minha vida. São pessoas dignas, sinceras, engraçadas, REAIS!!! São lindos! Um orgulho de verdade... Eu sei da sua importância, de verdade. Mas se tivesse acontecido algo mais grave e eu não tivesse a chance de agradecer formalmente e dizer o quanto os amo de verdade, eu não me perdoaria. Sério. Não é a primeira vez que eu digo isso, mas, talvez, a mais importante!!!
Na idade que eu estou, depois de sair de casa para estudar, ter minha vida e ter que dar menos satisfação para os meus pais, chegamos a outro nível. Nesse momento, eles passam de pais a companheiros. Me visitam em casa, fazem as comidas que gosto, deitam comigo na sala pra assistir filmes... E nós CONVERSAMOS. De verdade. Porque até certo ponto da relação entre pais e filhos, o “vamos conversar” é sinônimo de bronca.
Nessa nova etapa das nossas vidas e depois do susto que levamos por causa do que aconteceu ao meu pai recentemente, sou capaz de entender algumas lições. Existe, sim, um manual.
Pais e Filhos, Legião Urbana.
A música retrata algumas falas características desse tipo de relação, as diferentes fases: a gravidez e escolha do nome, a infância, com seus pesadelos e perguntas, adolescência e a mania da negação e a idade adulta, na qual os filhos se tornam um pouco pais dos seus próprios pais. Mas no refrão está a lição principal: É PRECISO AMAR AS PESSOAS COMO SE NÃO HOUVESSE AMANHÃ.
Não é amar de qualquer jeito, não é amar as coisas que seus pais fazem por vc. É amar como se não houvesse amanhã. Como se não houvesse daqui a pouco. Como se vc não tivesse mais nenhuma chance de demonstrar isso!!! E sabe Deus se vai ter. Na hora do cagaço, eu achei que talvez não tivesse.
A lição está aprendida e é bem clara. O manual está incluso nessa pequena frase. Amar é a resposta. As atitudes estão implícitas. Independente do que se fizer e como se fizer, o amor deve ser o guia.
Por isso, PAI, MÃE: amo vcs. Amo de verdade e agradeço por TUDO!!! Meu maior medo é não ter mais vcs por perto. Porque morrer é fácil. Difícil é viver sem as pessoas que mais se ama. AMO VCS MESMO MESMO. Ou, como diríamos quando eu era criança: amo muito muito muitãããoooo!!!
Nossas lembranças estão guardadas no lugar mais nobre e conceituado do meu coração. Vcs presenciaram coisas que ninguém mais presenciou e me ensinaram coisas que eu jamais aprenderia sozinha. Cada abraço valeu a pena, nossas zueiras e discussões filosóficas (até parece! Hahaha), cada bronca e palmadinha teve sua função, ainda que nem todas tenham sido realmente necessárias (teimosia retumbante).
OBRIGADA. Nosso amor é infinito, ainda que nosso corpo não dure para sempre. Se o de vcs durar até os 140, eu vou ficar contente.
Precisava escrever sobre isso.
Acho q fiquei meio traumatizada com esse cagaço que passamos. E escrever é terapia, né?! Hahahahahahahahahahaha
Bjos aos meus pais e a vcs, queridos leitores. Nas nádiga, óbvio!
Valeu pelas mais de 10 mil visualizações, seus lindos! :):)