Deparei-me com esse texto semana passada, ao receber a revista TPM em casa (assinei a revista Planeta - bem menos fútil - e recebi de graça a assinatura dessa outra revista... de mulherzinha! rs). Esse trecho é do texto da escritora Camila Fremder, que escreveu uma crônica para a revista nesse mês de maio. Adivinha: ela conta, no texto, que a pessoa para a qual ela mais mente é... (a) o marido; (b) a mãe; (c) os filhos; (d) a secretária do dentista. E acertou quem falou: D, a secretária do dentista.
Todos mentimos e é sobre isso que eu quero falar hoje. Não quero falar sobre todas aquelas mentiras já condenadas social e moralmente por todos (pelo menos em discurso oficial!). Não quero falar de traições, de falsidade pura e simples, mas sim de mentiras cotidianas, cujo propósito é facilitar a vida, e não necessariamente passar alguém pra trás.
E, afinal, o que é mentira? Com certeza, não seria apenas “o ato ou efeito de mentir, falsidade, fraude; afirmação contrária à verdade a fim de induzir a erro ou transmitir falsa impressão”. Poderíamos completar o significado de mentira com as palavras: MIGUÉ, EMBROMATION, OCULTAÇÃO, NÓ EM PINGO D’ÁGUA.
Chama-se (preconceituosamente) (inventei? rs) de mentira branca todas as mentirinhas bobas que servem para não precisarmos contar a verdade (ou, pelo menos, toda ela!). Sabe quando ligam na sua casa: a mulher do cartão de crédito daquele banco que vc nunca nem passou pela calçada pra te oferecer serviços que vc não quer, ou a mulher da TV a cabo que vc não quer assinar, ou a muiezinha da LBV querendo “apenas uma doação de 20 reais que vai vir na sua conta telefônica apenas uma vez, só por esse mês, porque as crianças estão sem o leite”. Nessas horas você se utiliza das mentiras brancas.
Pode ser que alguém atenda no seu lugar: “A Elisa não está... Sim, viajando... Volta dia 30 de fevereiro... Pode ligar, claro! De nada!!”. Ou então você mesmo atenda, dizendo: “Nossa, to super ocupada e não posso atender agora”. A pessoa insiste e você, deitada no sofá, joga o seguinte migué: “A ligaç-- ta cort--do, n-- to escu--ndo n-da!!!! Tu, tu, tu, tuuuu”. Sim, vc desligou na cara da muié do telemarketing, com todos os seus gerundismos de “estar enviando”, “estar informando” estar te ENCHENDO O SACO!.
E aí, como é que fica?? Mentirinha assim pode ou não pode? Quando te enchem o saco, pode?? Quem é que decide? Existe um Conselho Internacional Contra Mentira de Perna Curta? NÃO, AMIGO, NÃO EXISTE!!! Ih, fu***!
A mentira é um assunto tão complicado, que de certa forma gera alguma curiosidade e interesse. Existe um livro que eu adoro, chamado “As mentiras que os homens contam”, do Luís Fernando Veríssimo, cheio dessas mentirinhas que todos contamos. Nesse livro há uma crônica que se chama “Grande Edgar”, que descreve aquele tipo de mentirinha quando alguém te aborda na rua e inicia o seguinte diálogo: “Oi, Elisa, quanto tempoooooo!!!!! Tá lembrada de mim?!” Sempre acaba mal... Geralmente é assim mesmo: mentimos por besteira, achando que vamos nos safar de uma chateaçãozinha, e acabamos arrumando uma chateação muitooo maior!
Mas sabe o que é mais cruel do que as mentirazinhas??? A verdade em hora imprópria! Aos 5 minutos pra sair de casa, reunião com o orientador, culto de aniversário da igreja ou qualquer outro compromisso realmente importante! Justo nessa hora, sua mãe, pai, irmã, vizinha e afins resolvem ser sinceros: “Ah, ta feio!” E só nós mulheres sabemos o estrago que essa frase pode causar em um dia especial. Principalmente se for época de TPM (a oficial, não a revista!).
Apesar disso, nós somos peritas em mentirazinhas... Não to falando de mentira brava, feia. Mas nós somos especialistas em outro tipo de mentira: “Fiquei sabendo que aquela bonitona da revista é homossexual, querido!! É... da fruta que vc gosta ela chupa até o caroço!”, “Celulite??? Não sei o que é isso!!”, “Não procuro um cara bem sucedido e bonito! O importante é o sentimento!” (e aqui me defendo: realmente o sucesso -estudantil, profissional e até financeiro do cara- e a beleza não são o mais importante... Mas nós ligamos pra isso sim. Afinal, nenhuma mulher gosta de cara que não corre atrás do seu próprio sucesso e charme, seja lá o que isso signifique!).
Outras mentiras femininas bem mais fáceis de descobrir: “Malvino Salvador, Gianechinni e o negão da série ‘Old Cristine’? Feios sim... Bem estragadinhos mesmo! Concordo com vc, amorzinho!”. “Sapato novo? Não, comprei há um tempão!!! Vc não repara em mim mesmo, né?!”
Os seres humanos demonstram apreensão sempre que se vêem contando ou praticando aquela lorota. Afinal, a consciência pode pesar um pouco! Isso se reflete nas expressões faciais e corporais. Por isso é tão fácil descobrir quando um aluno está pensando em colar. Antes mesmo de tirar o papelzinho do bolso ou praticar a modalidade cola à distância com o colega do outro lado da sala, nós, professores, já captamos a mensagem. Somos bons nisso!
Pra efeito de pesquisa, saiba alguns sinais que podem evidenciar uma mentira (retirado de sites de psicologia):
Timing: As expressões verdadeiras são muito rápidas, enquanto as falsas tendem a permanecer mais tempo na face. Ao mentir, a pessoa apresenta falta de sincronia das expressões faciais com as palavras e movimentos do corpo. Na mentira, a expressão da emoção aparece segundos depois do pronunciamento das palavrasPiscar: As piscadas tendem a aumentar (frenquência e tempo de duração) quando existe conflito entre o que se pensa e o que se fala.
Expressões Assimétricas: As expressões verdadeiras são simétricas, as falsas são assimétricas.
Sorriso Falso: Utilizado para tentar encobrir uma emoção negativa. Este sorriso é assimétrico, há mistura de emoções na face, aparece e some do rosto de repente e é exagerado, com alterações de intensidade.
Fuga do olhar: O bom mentiroso é capaz de sustentar o olhar durante a dissimulação, mas esta pode ocorrer quando ele precisa responder perguntas capciosas ou quando for pego de surpresa.
Poucos gestos: Já reparou que quando estamos convictos do que estamos dizendo, nossas mãos e braços gesticulam, enfatizando nosso ponto de vista e demonstrando forte convicção? A pessoa que mente não consegue fazer isso.
Voz: Preste atenção à voz da pessoa. Ela pode falhar e a pessoa pode parecer incoerente. A voz pode também ficar fora do tom. As cordas vocais, como qualquer outro músculo, tendem a ficar enrijecidos quando a pessoa está sob pressão. Isso produzirá um som mais alto.
Frases feitas: A pessoa que mente pode utilizar as seguintes frases para ganhar tempo, a fim de pensar numa resposta (ou como forma de mudar de assunto): “Por que eu mentiria para você?”, “Para dizer a verdade…”, “Para ser franco…”, “De onde você tirou essa idéia?”, “Por que está me perguntando uma coisa dessas?”, “Poderia repetir a pergunta?”, “Eu acho que este não é um bom lugar para se discutir isso”, “Podemos falar mais tarde a respeito disso?”, “Como se atreve a me perguntar uma coisa dessas?”;
Algumas pessoas simplesmente não conseguem sobreviver à verdade, à vida real e às opiniões sinceras de outros indivíduos. Por isso, preferem a mentira e a dissimulação delas mesmas e dos outros para com elas também! Sabe aquela do Cazuza: “mentiras sinceras me interessam”?? Então...
Eu não curto muito mentir... Sou meio enrolada e distraída, então a atenção que preciso prestar para mentir e sustentar a mentira por algum tempo é bem maior que a atenção mínima que uso quando digo a verdade. Isso não quer dizer que eu nunca menti, nem minto. Já deu certo em algumas vezes; em outras não. Em algumas, a pessoa enrolada fingiu acreditar pra não ficar chato... Em outras eu fui pega. Várias vezes mentiram pra mim, pelos mais variados motivos. Mas a mentira que mais dói é aquela mentirinha desnecessária e mal contada pela pessoa que você gosta. E, mesmo sabendo-se universalmente que é mentira deslavada, você prefere acreditar que é verdade! Talvez para não correr o risco de “perder” a pessoa. Já fiz (passado!) muito disso também: acreditar desacreditando. Vida cruel...
Perguntas: existe meia verdade?? Existe mentira sincera? A gravidade da mentira pode ser amenizada pela intenção do “mentidor”? E se você não quiser contar que tava no banheiro fazendo o número 2, e por isso não atendeu o telefone?? Mentiu... “Tava no computador e quando atendi, você desligou” Vale ou não?
Mentindo ou não, seja lá por qual motivo for, “Um dia pretendo tentar descobrir por que é mais forte quem sabe mentir” (Eu sei, Legião Urbana). Essa é uma das poucas verdades sobre a mentira.
Talvez seja necessário e mais fácil falar pra muié da LVB: “não vou doar merda nenhuma, porque vcs sempre ligam falando que é uma única vez, e nunca é!”, ou então pra secretária do dentista (da crônica da Camila Fremder): “Não quero ir e não vou, simplesmente porque eu to bem assim, passando fio dental uma vez só por dia, e não 3!” Bom, descartem a parte do “merda nenhuma”. Educação, né?!
E a cara de pau pra ser sincero a esse ponto? Peroba nela!
Bjim na bundim.
Obrigada pela atenção... Sinceramente! :):)