Olá, meus amigos e amigas!!!
Primeiramente, gostaria de agradecer a todos aqueles que têm visitado tão gentilmente esse humilde blog (nossa! rs). Meus agradecimentos são ainda maiores àqueles que comentam minhas mensagens. Muito obrigada mesmo a todos vocês!!!
Gente, hoje eu queria mostrar toda a minha indignação... De verdade!! Gostaria de falar sobre um assunto que tem me incomodado muito: A EDUCAÇÃO. Não queria falar sobre a educação do país, falar sobre as propostas dos candidatos à presidência nem nada disso, mas queria falar sobre o que realmente me incomoda nisso tudo: os professores, os alunos, o salário baixo e a falta de incentivo ao bom trabalho docente. Aí vc, caro leitor, pensa: “Ou, sua louca, pq vc não abandona tudo isso, se está tão descontente?!”, e eu te respondo: “Louca é sua mãe, e não estou TÃO descontente, eu só tenho opinião!”
Sabe quando vc sai da faculdade achando que vai mudar o mundo, e quando chega no “mundo”, quebra a cara?? Pois é...
A faculdade que fiz, graças a Deus, me preparou bem para as situações em sala de aula. Tive bons professores de didática, prática de ensino de biologia, etc. Eles me ensinaram a preparar uma boa aula, uma avaliação coerente, e como manter a sala de aula em ordem. Me passaram técnicas (tipo supernanny, sabe??), me colocaram em estágios obrigatórios, analisamos juntos situações nas salas dos estágios, etc.
O meu primeiro estágio era de ensino fundamental e eu peguei uma quinta-série (do inferno!). Foi traumatizante e eu me senti uma professora de merda. Foi nessa época que eu decidi que não pegaria nenhuma sala de ensino fundamental. Não tenho jeito com criança, elas não entendem minhas piadas, se mexem demais e eu não suporto nego pulando na carteira, puxando o cabelo do outro!!! Adoro criança, mas não pra dar aulas!!
Bom, o segundo estágio foi num terceiro colegial (notem que eu peguei as salas “extremo”). Foi MTO FERAAAAA!! Eles falam comigo até hj!! Me adoraram! Aí é que eu voltei a pegar gosto pela coisa e entendi qual é o meu “público”: colegial!!
Até hoje me dou bem com colegiais, mas a realidade “aqui fora” é muito pior do que imaginava. Existem salas em que eu sou simplesmente ignorada: “Oi, gente, boa tarde”, e nada!!! “Façam a tarefa”, e nada!! “Vou dar zero pra todo mundo”, e nada!!!! Existem salas lotadérrimas, de gente até bacana, que gostam de mim, mas NÃO QUE PARAM DE FALAR, simplesmente! Existem salas que acham que professora de biologia é, na verdade, professora de sexologia!!! “Professora, se eu fizer sexo oral no meu namorado, eu vou ficar grávida??” “Minha filha, só se seu bebê nascer cagado!!” , entre outras colocações de níveis bem menos elevados, do tipo: “o tamanho do *** do fulano é tal”!!! Sim, amigos!!! MENINAS falando isso. Os meninos não são tão melhores não: assobiam a qualquer virada para a lousa.
O pior de tudo isso: as pessoas responsáveis (professores, funcionários) estão tão acostumadas com essa rotina, que nem solução procuram mais!! O que está acontecendo?? Por que somos obrigados a frequentar reuniões de HTPC (hora de trabalho pedagógico coletivo) para discutir utopias, enquanto qualquer outra sala da tarde está botando fogo no lixo, ou rasgando livros pedagógicos ao meio, ou criando confusão com inspetores?! E pior ainda: por que os professores estão tão acomodados?? Por que os professores estão insatisfeitos até com o (pouco) apoio que o governo nos dá??
E agora, eis a explicação que originou toda a minha indignação para criar esse post:
O governo do Estado lançou um programa de incentivo à leitura de alunos e professores. Os alunos de todas as séries vão ganhar kits com livros e os professores também ganharam um kit cada um, com 3 livros. O meu kit tem o livro de quadrinhos da Mafalda (uhuuuu) e mais dois outros livros. Até aí, tudo bem, apesar de eu achar q o programa deveria ter alguns ajustes: penso que muitos alunos não vão nem ler os livros que receberem; o governo deveria garantir que os alunos fossem alfabetizados adequadamente, antes de sair distribuindo Vinícius de Moraes, Cecília Meireles, Machado de Assis, Carlos Drummond.
Mas, o que me deixou realmente indignada (pra não falar PUTA DA VIDA) nisso tudo não foi a distribuição de livros, ainda que não tenha sido totalmente sensata. O que me deixou muito estressada e com vontade de socar a cara de alguém é que os próprios professores ficaram “revoltadinhos” com o governo, “Porque, onde já se viu mandar livros pra cá?? Dinheiro jogado fora! Os alunos vão limpar a bunda com esses livros”.
Você achou pouco?? Então “escuta” essa: as coordenadoras da escola pediram pra que nós lêssemos pelo menos um dos 3 livros do nosso kit, para discutirmos no HTPC. Teve professor que falou na cara de uma das coordenadoras: “Eu não vou ler nada disso, nem pegar kit nenhum!!”. Eu realmente não acreditei quando ouvi isso, porque as mesas da sala estavam lotadas de livros, e eu estava me sentindo no paraíso!! Alguns livros técnicos maravilhosos, sabe?? E outra: alou... um pouco de polidez e educação não mata ninguém, né?!
Uma das coisas insensatas do programa é que a gente não podia escolher... Podíamos apenas pegar os kits montados, com livros de literatura brasileira, ou internacional, ou infanto-juvenil. O resto (inclusive os livros técnicos de cada área) ficará na biblioteca da escola. Eu acho que o governo poderia deixar escolher um ou dois livros técnicos da área q o professor dá aula, e nos fazer escolher o outro livro de outro tipo. Ou ao contrário... Sei lá!!! Eu acho q deveriam deixar a gente mais livre, mas genteeee... LIVRO É LIVRO!! LIVRO NUNCA É DEMAIS!! Se me dessem um livro de “aprenda a pregar botões e seja uma dona de casa feliz”, eu já ficaria satisfeita!!!
Concordo que o governo deveria nos dar melhores condições de trabalho e confesso que fiquei realmente muito brava e envergonhada quando fui fazer compras com o meu vale-refeição e descobri que no cartão só tinha R$ 8,00 (passei vergonha no mercado, com um shampoo, um condicionados e 4 mexericas, sem poder pagar com o cartão da escola!). Tá, colega professor, fique bravo com o baixo salário, mas por favor, NÃO SE MANIFESTE À FAVOR DA IGNORÂNCIA. Faça esse favor à educação (que já não anda bem das pernas, nem em pleno vigor!)
Existem professores nas escolas que nasceram no tempo do onça, em mil oitocentos e bolinha, que reclamam da vida que levam e descontam nos alunos toda sua insatisfação.
Acho que ser professor deve realmente ser uma opção e não falta de opção. Acho que as escolas deveriam investir em cursos para os professores, inclusive tratando sobre o tema indisciplina... Porque, afinal de contas, alguns professores até cadeirada de aluno já levaram!
Mas, se bem conheço minha classe, muitos professores ao ouvirem o assunto “curso”, torceriam o nariz, fechariam a porta da sala dos professores, pra falar mal da diretoria de ensino, da coordenação da escola e de quem mais os fizesse estudar!
Como podemos exigir que os nossos alunos estudem, se nós mesmos não nos mantemos informados?! Como podemos exigir atenção dos alunos, se preparamos uma aula “arroz e feijão”? Como podemos exigir que nossos alunos sigam bons exemplos, se na hora do intervalo vamos ao bar, tomar uma Skol? Como queremos que nossos alunos aprendam a falar direito, se conjugamos todos os verbos com a pessoa “mim”: pra mim fazer, pra mim dar nota, pra mim te ferrar na prova?!
Um dia, um professor velho e chato falou que eu deveria arranjar emprego de secretária. A justificativa: “Com esse corpão, vc arranjaria emprego de secretária facinho... e ganharia mais do que ganha aqui”. Um outro falou que eu deveria tentar um mestrado e que “se a banca examinadora for só de homens, vc passa fácil!! Vc é bonita, simpática”.
Aí eu pergunto: COM ESSE TIPO DE PROFESSOR, O PAÍS TEM JEITO?! Eu fiz faculdade pra ser secretária??? E a galera responde em côro: nãããoooo!! Eu sou burra, pra conseguir passar num mestrado apenas por sex appeal?? NÃÃÃÃOOOO!!
Falam muito dos alunos, que eles não têm interesse, que são mal educados, que não têm conhecimento prévio, que mal sabem ler e escrever, quanto mais interpretar um texto... Mas e os professores? Reclamam de receberem livros pra ler...
Se o único problema da educação brasileira fosse receber livros pra ler, tudo estaria às mil maravilhas. E se somente os alunos fossem o problema, nós não estaríamos nessa situação.
E o pior: talvez - por falta de vontade ou também por falta de opção - os alunos de hoje (que mal sabem escrever, que não fazem tarefa, que xingam, batem e falam pornografias em sala de aula), sejam os PROFESSORES DE AMANHÃ. Os mesmos que vão requerer revista de mulher pelada ao governo, ao invés de livros.
Com o perdão da expressão “chupa essa manga”, caro leitor! A solução?? Sei lá... Acho que só matando todo mundo! Hehehehe.... zuera...
Ou, prometo escrever menos da próxima vez. Mas obrigada por “ouvirem” minhas lamúrias de professora - e colega de professores - do Estado. Bjo nas nádiga!